Capital dinamarquesa conquista o topo do ranking da Economist Intelligence Unit após três anos de domínio austríaco. Ameaças de terrorismo derrubaram a nota de Viena, que agora divide o segundo lugar com Zurique
Depois de três anos consecutivos no topo, Viena perdeu o posto de melhor cidade do mundo para se viver. Quem assumiu a liderança foi Copenhague, capital da Dinamarca, segundo o ranking anual da Economist Intelligence Unit (EIU) divulgado em junho de 2025.
O levantamento avaliou 173 cidades ao redor do mundo com base em cinco critérios principais: estabilidade, saúde, educação, infraestrutura e meio ambiente. Copenhague se destacou ao receber nota máxima em estabilidade, educação e infraestrutura — justamente nos quesitos onde Viena perdeu pontos.
Por que Viena caiu?
A capital austríaca teve uma queda acentuada na nota de estabilidade, puxada por episódios recentes de segurança. Uma ameaça de bomba que levou ao cancelamento de shows da cantora Taylor Swift em 2024 e a descoberta de um plano de ataque a uma estação de trem no início de 2025 pesaram na avaliação.
“A pressão sobre a estabilidade fez Viena perder o posto após três anos no topo”, explicou Barsali Bhattacharyya, vice-diretora da EIU, em comunicado oficial. Apesar disso, Viena continua sendo uma cidade com excelente qualidade de vida e mantém desempenho alto em quase todos os outros critérios.
Agora, a cidade austríaca divide a segunda posição com Zurique, na Suíça, outra metrópole conhecida por seus padrões elevados de vida, eficiência nos serviços públicos e segurança.
Top 10: Europa e Oceania dominam
Melbourne, na Austrália, manteve sua quarta colocação, seguida por Genebra, na Suíça, em quinto lugar. Sydney subiu uma posição e aparece em sexto. Osaka, no Japão, e Auckland, na Nova Zelândia, dividiram o sétimo lugar. Adelaide, também na Austrália, ficou em nono, enquanto Vancouver, no Canadá, fecha o top 10.
A presença maciça de cidades europeias e da Oceania no ranking não é novidade. Essas regiões têm investido de forma consistente em qualidade de vida, sistemas de saúde eficientes, transporte público de qualidade e políticas ambientais robustas.
Copenhague, especificamente, se beneficia de uma infraestrutura ciclística invejável, baixíssimos índices de criminalidade e forte compromisso com a sustentabilidade. A cidade também é conhecida por seu modelo de bem-estar social, que garante acesso universal à saúde e educação.
Cidades canadenses despencam no ranking
Uma das surpresas negativas do relatório foi a queda significativa de várias cidades canadenses. Calgary, que ocupava o quinto lugar em 2024, despencou para a 18ª posição. Toronto caiu da 12ª para a 16ª colocação.
O motivo? Sobrecarga no sistema de saúde. “Há escassez de profissionais em hospitais e centros de saúde, com longas filas de espera para consultas médicas”, explicou Bhattacharyya ao CNN Travel. Ela ressaltou que a pressão sobre os sistemas de saúde e moradia não é exclusiva do Canadá, mas que o país se destacou negativamente pelo impacto prolongado desses fatores.
Ainda assim, Vancouver conseguiu se manter entre as 10 melhores, graças à sua natureza exuberante, clima ameno e forte foco em sustentabilidade.
Estados Unidos: cidades médias se destacam
Nos Estados Unidos, Honolulu, no Havaí, foi a cidade americana mais bem colocada, aparecendo em 23º lugar. O levantamento aponta uma tendência: cidades de médio porte nos EUA estão superando grandes metrópoles como Nova York e Los Angeles.
“Isso se deve, em grande parte, à pressão sobre os serviços públicos”, explicou Bhattacharyya. Grandes centros urbanos americanos enfrentam problemas de infraestrutura, custo de vida elevado e criminalidade, o que afeta sua classificação no ranking.
Rio de Janeiro ganha destaque positivo
Uma nota curiosa do relatório: o Rio de Janeiro subiu três posições em relação ao último levantamento e apareceu entre os destaques dos municípios que mais cresceram nos últimos 12 meses. Embora ainda não figure entre as melhores do mundo, a cidade brasileira mostra sinais de melhora em alguns indicadores — especialmente nos quesitos de infraestrutura e cultura.
Lisboa, por sua vez, aparece na 39ª posição em outro ranking elaborado pelo Deutsche Bank, o “Mapping the World’s Prices 2025”, que também avalia qualidade de vida. A capital portuguesa mantém sua atratividade para expatriados e nômades digitais, graças ao clima agradável, custo de vida relativamente acessível e rica oferta cultural.
As piores cidades para se viver
Na outra ponta, pouca coisa mudou. Damasco, na Síria, continua sendo considerada a cidade menos habitável do mundo, mesmo após a queda do ex-presidente Bashar al-Assad. A instabilidade política, a destruição causada pela guerra civil e a precariedade dos serviços de saúde mantêm a capital síria no último lugar.
Tripoli, na Líbia, vem logo acima. Daca, em Bangladesh, Karachi, no Paquistão, e Argel, na Argélia, completam o grupo das cinco cidades com pior qualidade de vida em 2025.
Qualidade de vida global estagnou
O relatório da EIU traz um alerta: a qualidade de vida global ficou estagnada em 2025, principalmente pela piora generalizada nas notas de estabilidade. “Vimos avanços em áreas como saúde e educação — especialmente em cidades do Oriente Médio —, mas esses ganhos acabaram sendo anulados pelas quedas na estabilidade”, disse Bhattacharyya.
Tensões geopolíticas, conflitos armados e polarização política continuam pressionando cidades ao redor do mundo. Mesmo em regiões tradicionalmente estáveis, como a Europa, episódios de terrorismo e ameaças à segurança têm afetado a percepção de qualidade de vida.
O que faz uma cidade ser boa para viver?
Os critérios do ranking da EIU são amplos e abrangem múltiplas dimensões da vida urbana. Estabilidade avalia segurança, criminalidade e risco de conflitos. Saúde analisa acesso a serviços médicos, qualidade do atendimento e infraestrutura hospitalar. Educação considera desde a rede pública até universidades de ponta.
Infraestrutura inclui transporte público, estradas, conectividade digital e acesso a serviços básicos. Meio ambiente avalia clima, poluição, áreas verdes e políticas de sustentabilidade. Cultura e entretenimento, embora não sejam o foco principal, também são levados em conta.
Cidades que conseguem equilibrar esses fatores — oferecendo segurança, serviços públicos de qualidade, infraestrutura eficiente e oportunidades culturais — tendem a ocupar as primeiras posições.
Copenhague como modelo
A capital dinamarquesa exemplifica esse equilíbrio. A cidade investe pesadamente em ciclovias — mais de 60% dos habitantes vão ao trabalho de bicicleta. O transporte público é eficiente e integrado. A poluição é baixa, e há forte compromisso com a neutralidade de carbono até 2025.
Além disso, Copenhague oferece educação gratuita e de alta qualidade, sistema de saúde universal e políticas de igualdade de gênero. A criminalidade é baixa, e a confiança nas instituições públicas é alta. Esses fatores combinados criam um ambiente urbano seguro, saudável e agradável para se viver.
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