País asiático expandiu 6,7% no ano, puxado por tecnologia, manufatura e população jovem. Brasil cresceu 3,4% e ficou à frente de Estados Unidos, Espanha e Canadá
A Índia liderou o ranking de crescimento econômico em 2024, com expansão de 6,7% no Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, consolida-se como um dos principais motores da economia global, puxado por setores como tecnologia da informação, manufatura e serviços.
Logo atrás aparecem China e Indonésia, ambos com crescimento de 5%. A Costa Rica foi o primeiro país das Américas a figurar no ranking, com alta de 4,3%. O Brasil ocupou a sétima posição, com expansão de 3,4% — um desempenho que superou a média dos países da OCDE, da União Europeia e do G7 (grupo das nações mais industrializadas).
Por que a Índia cresce tanto?
A economia indiana se beneficia de uma combinação poderosa: população jovem em expansão, reformas econômicas e investimentos estrangeiros crescentes. O país tem atraído empresas que buscam diversificar suas cadeias de suprimentos e reduzir a dependência da China — uma estratégia conhecida como “China + 1”.
O setor de tecnologia da informação é um dos pilares do crescimento indiano. Empresas globais terceirizam serviços de TI para a Índia, aproveitando a mão de obra qualificada e os custos competitivos. A manufatura também está em expansão, impulsionada por políticas governamentais que incentivam a produção local.
Além disso, a Índia tem um mercado consumidor interno gigantesco e em crescimento. A classe média está se expandindo rapidamente, aumentando a demanda por bens de consumo, educação, saúde e serviços financeiros. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Índia deve manter crescimento de 6,5% em 2025, liderando novamente o ranking global.
China e Indonésia: gigantes asiáticos em expansão
A China, segunda maior economia do mundo, cresceu 5% em 2024, mantendo-se como força dominante na manufatura global. Apesar dos desafios relacionados ao setor imobiliário e à redução da população em idade ativa, o país continua investindo pesadamente em infraestrutura, tecnologia e energias renováveis.
A Indonésia, por sua vez, se beneficia de sua posição estratégica no Sudeste Asiático, abundância de recursos naturais e crescimento demográfico. O país é um dos maiores produtores de commodities, incluindo carvão, óleo de palma e níquel — metal essencial para baterias de veículos elétricos.
Brasil em 7º: desempenho acima da média, mas com desafios
O Brasil cresceu 3,4% em 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado superou as expectativas iniciais e colocou o país à frente de economias avançadas como Estados Unidos (2,8%), Espanha e Canadá.
O setor de serviços foi o principal responsável pelo desempenho positivo, respondendo por mais de 60% do PIB brasileiro. A agricultura também teve papel relevante, com safras recordes de soja e milho. Já a indústria apresentou crescimento mais modesto, ainda enfrentando desafios relacionados a juros elevados e custos de produção.
Apesar do avanço, o Brasil enfrenta obstáculos estruturais que limitam seu potencial de crescimento. A necessidade de reformas fiscais, o endividamento público elevado e o baixo crescimento da produtividade são entraves que precisam ser superados. Para 2025, a projeção do FMI é de crescimento de 2,2% — uma desaceleração em relação a 2024.
Costa Rica: destaque latino-americano
A Costa Rica foi o país das Américas com maior crescimento em 2024, expandindo 4,3%. A nação centro-americana tem investido em ecoturismo, tecnologia e serviços, atraindo investimentos estrangeiros e expatriados interessados em qualidade de vida e sustentabilidade.
O país também se beneficia de sua estabilidade política e instituições democráticas sólidas, características que o diferenciam de outros vizinhos latino-americanos. A filosofia “Pura Vida” reflete um estilo de vida focado em bem-estar, preservação ambiental e desenvolvimento humano.
Estados Unidos e Europa: crescimento moderado
Os Estados Unidos, maior economia do mundo, cresceram 2,8% em 2024, ocupando a 11ª posição no ranking. Apesar de ser um crescimento robusto para uma economia avançada, o ritmo é menor do que o observado em mercados emergentes asiáticos e latino-americanos.
Na Europa, o cenário foi misto. Algumas economias, como a Dinamarca, registraram crescimento de 3,6%. Outras, porém, enfrentaram recessão. A Áustria teve o pior desempenho entre os países que divulgaram dados completos, com queda de 1,2% no PIB. Letônia, Estônia, Alemanha e Finlândia também registraram recuo na atividade econômica.
A Alemanha, terceira maior economia mundial, enfrenta dificuldades estruturais relacionadas à dependência energética, desafios na cadeia de suprimentos e transição para energias renováveis. O país cresceu apenas 0,2% no quarto trimestre de 2024 e teve retração anual.
Ásia domina o crescimento global
O levantamento mostra o dinamismo econômico da Ásia, que tem 7 dos 10 países cujas economias mais cresceram em 2024. Além de Índia, China e Indonésia, aparecem no top 10: Filipinas (5,6%), Malásia (5,1%), Taiwan (4,3%), Cingapura (4,2%) e Coreia do Sul.
Esses países compartilham características que impulsionam o crescimento: investimentos em educação e tecnologia, políticas industriais estratégicas, abertura ao comércio internacional e reformas econômicas. A região asiática também se beneficia de uma população jovem e da crescente integração econômica regional.
O que explica o avanço de alguns países?
Os países que mais crescem tendem a ter alguns elementos em comum. Primeiro, investimento em capital humano — educação de qualidade e formação técnica. Segundo, infraestrutura moderna, que facilita o comércio e reduz custos logísticos. Terceiro, instituições estáveis e políticas econômicas previsíveis, que atraem investimentos.
Países emergentes também se beneficiam de “vantagens tardias”, podendo adotar tecnologias e modelos de negócio já testados em economias avançadas. A China, por exemplo, saltou etapas no desenvolvimento de pagamentos digitais, indo direto para sistemas mobile sem passar pela fase intensiva de cartões de crédito.
Por fim, commodities e recursos naturais ainda desempenham papel importante. Indonésia, Brasil e Arábia Saudita crescem, em parte, graças à exportação de matérias-primas. No entanto, os países que conseguem diversificar suas economias — como a Índia — tendem a ter crescimento mais sustentável no longo prazo.
Perspectivas para 2025
O FMI projeta crescimento global de 3,3% em 2025, abaixo da média histórica de 3,7%. O cenário é considerado “divergente e incerto”, marcado por tensões geopolíticas, inflação persistente em algumas regiões e políticas monetárias restritivas.
A Índia deve continuar liderando o crescimento entre as grandes economias, com expansão de 6,5%. As Filipinas aparecem em segundo lugar, com projeção de 6,1%, seguidas pelo Cazaquistão (5,5%) e Argentina (5%). O Brasil está na 18ª posição, com previsão de alta de 2,2%.
Apesar dos desafios, o relatório do FMI aponta que mercados emergentes continuarão sendo os principais motores do crescimento global. A questão é se conseguirão superar obstáculos estruturais e manter o ritmo de expansão nos próximos anos.
Categoria sugerida: Economia & Negócios
Sugestão de imagem destacada: Foto de skyline de Mumbai ou Nova Delhi (Índia) mostrando desenvolvimento urbano e modernidade, ou gráfico ilustrativo sobre crescimento econômico global




