Pelo 18º ano consecutivo, a nação nórdica lidera o Índice Global de Paz. Enquanto isso, o Brasil ocupa a 130ª posição entre 163 países avaliados — mas registra leve avanço em relação ao ano anterior
A Islândia mantém sua posição como o país mais seguro do mundo em 2025, de acordo com o Global Peace Index (GPI), divulgado pelo Institute for Economics and Peace (IEP). Com uma pontuação de 1,11, a ilha nórdica lidera o ranking há quase duas décadas ininterruptas — um feito que consolida sua reputação como referência global em estabilidade, baixa criminalidade e coesão social.
O levantamento avalia 163 países com base em 23 indicadores que medem segurança interna, conflitos externos e nível de militarização. A Europa domina o topo da lista: entre os 10 países mais seguros, oito são europeus. Mas não é só a Islândia que se destaca. Irlanda e Nova Zelândia completam o pódio, seguidas por Áustria e Suíça.
O que torna a Islândia tão segura?
A liderança islandesa não é fruto do acaso. O país tem menos de 400 mil habitantes, o que facilita a gestão pública e o senso de comunidade. A criminalidade violenta é praticamente inexistente — a polícia local raramente porta armas de fogo. Além disso, a nação investe pesadamente em bem-estar social, educação de qualidade e políticas de igualdade de gênero.
Outro ponto-chave é a ausência de conflitos armados e a baixa militarização. A Islândia não tem exército próprio e depende de acordos de defesa com a OTAN. Esse modelo pacifista, combinado com instituições sólidas e baixíssima corrupção, cria um ambiente propício para a segurança.
Europa e Pacífico dominam o ranking
Logo após a Islândia, aparecem a Irlanda e a Nova Zelândia, que subiram duas posições neste ano. A Áustria ficou em quarto lugar, seguida pela Suíça. Singapura, que desponta como a nação mais segura da Ásia, ocupa a sexta posição. Portugal figura na sétima colocação, subindo uma posição em relação a 2024.
Dinamarca, Eslovênia e Finlândia completam o top 10. Todos esses países compartilham características comuns: sistemas de saúde robustos, educação universal, baixos índices de corrupção e políticas públicas voltadas para a inclusão social.
Na outra ponta, os países mais violentos e instáveis do ranking são Iêmen, Sudão e Sudão do Sul, todos envolvidos em conflitos armados ou guerras civis. A Rússia ocupa a última posição (163ª), refletindo o impacto da guerra na Ucrânia e do isolamento diplomático.
Brasil na 130ª posição: avanço tímido, desafios enormes
O Brasil ocupa a 130ª posição no Índice Global de Paz de 2025, sendo classificado com baixo índice de pacificidade. Apesar de ter subido uma posição em relação a 2024, o país ainda está entre os mais violentos da América do Sul, ficando atrás de Argentina (46ª) e Uruguai (48ª).
O desempenho brasileiro é especialmente preocupante no quesito segurança social, onde figura na 149ª colocação. A criminalidade urbana, a violência ligada ao crime organizado e os altos índices de homicídios continuam sendo os principais problemas. Em 2024, o país registrou 44.127 mortes violentas intencionais, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública — a menor taxa desde 2012, mas ainda distante dos padrões internacionais aceitáveis.
Por outro lado, houve leve melhora nos indicadores de militarização. A América do Sul foi a única região do mundo a registrar melhora média na pacificidade no último ano, com sete dos onze países apresentando avanços. Ainda assim, o Brasil precisa enfrentar desafios estruturais: reforma da segurança pública, fortalecimento das instituições e combate à desigualdade social.
Comparação regional: Brasil perde para vizinhos
Dentro da América Latina, o cenário é desafiador. Cuba aparece na 102ª colocação, bem à frente do Brasil. A Venezuela, apesar da grave crise humanitária, está na 139ª posição. A Colômbia, que enfrentou décadas de conflito armado interno, ocupa a 140ª colocação.
Os líderes regionais são Argentina e Uruguai, ambos com índices de paz significativamente melhores. O Chile aparece na 64ª posição global. Esses três países investem mais em políticas de segurança preventiva, têm taxas de homicídio mais baixas e instituições mais estáveis.
Por que alguns países conseguem ser tão seguros?
Os países no topo do ranking compartilham uma receita que vai além de investimento em policiamento. Eles priorizam educação de qualidade, sistema de saúde universal, baixa desigualdade social e instituições transparentes. A corrupção é combatida de forma eficaz, e há forte confiança entre cidadãos e governos.
Outra característica comum é a ausência de conflitos internos prolongados e a baixa militarização. Países como Islândia, Irlanda e Nova Zelândia não possuem exércitos robustos e investem pouco em armamento. Em vez disso, canalizam recursos para bem-estar social e infraestrutura.
Além disso, políticas de inclusão e igualdade de gênero ajudam a reduzir tensões sociais. Esses países também têm menor presença de crime organizado, o que facilita a gestão da segurança pública.
O mundo está menos seguro em 2025
O relatório do IEP traz um alerta: pelo 12º ano consecutivo, o nível médio de paz mundial caiu. Mais da metade dos países avaliados registrou aumento nos indicadores de violência ou instabilidade política. Conflitos armados na Ucrânia, no Oriente Médio e na África continuam pressionando a segurança global.
Tensões geopolíticas, polarização interna e a escalada de guerras afetam não apenas os países diretamente envolvidos, mas também a economia global, o comércio internacional e os fluxos migratórios. O mundo está mais dividido e menos pacífico do que há uma década.
O que o Brasil precisa fazer para melhorar?
Para sair da zona de baixo desempenho no ranking, o Brasil precisaria de reformas profundas. A começar pela segurança pública: mais investimento em inteligência policial, menos militarização das polícias e mais foco em prevenção. Estudos internacionais mostram que países seguros apostam em policiamento comunitário e programas sociais para jovens em situação de vulnerabilidade.
Outro ponto crucial é o combate à desigualdade. Países com distribuição de renda mais justa tendem a ser mais seguros. Políticas de inclusão, acesso à educação e saúde de qualidade reduzem a violência a médio e longo prazo.
Por fim, o fortalecimento das instituições democráticas e o combate à corrupção são essenciais. Sem transparência e justiça eficaz, não há paz sustentável.
Sugestão de imagem destacada: Foto da paisagem islandesa com montanhas e natureza, ou imagem de Reykjavik (capital da Islândia) transmitindo tranquilidade e segurança



